terça-feira, 26 de setembro de 2017

SOLIDÃO


Mesmo na soma de todas presenças
Ainda te sinto no fundo do peito
E emerges veloz quando soam minhas perdas
E inventas tristezas
Belezas já murchas

Meu enlace de fibras é tecido poroso
Dele escapa
Odioso
Tudo que agarro e prendo
E se me desentendes da própria verdade
Eu mesmo me desinvento em suas armadilhas

Me desacompanhas na sua presença
E deitas extensa na porta de casa
E não se sai
E não se só
E não se se
Mas só se sabe de um só ser
Se sente solidão.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

SETE PALMOS


Eu te enterrei pensando que eu marcava
Naquele lugar o xis do mapa do tesouro
Eu te enterrei pensando que eu plantava
Em terra fértil uma semente que ensaia ser broto
Mas na verdade você era mina
Na terra envenenada dos meus pensamentos
Cavar fundação tão funda eu sei que foi difícil
E nunca deu em edifício
Esse é o meu tormento
Será que tudo que eu cavo no fim desova em cova?
Sete palmos trás da terra
Debaixo do chão
Eu te enterrei e eu sabia que enterrava    
Com o meu corpo lá no fundo em um abraço de caixão.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

TELACÉU


Celulares pontilhistas
Listas de mercado online
Lã de laços fracos, frouxos
Rosas, minhas antenas rijas
Giram em transla e rota e transe
Troncos sem raiz e ramos constam
Corpos de fibra óptica rara
Raso de poço fundo espelha
Pelos de se sentir o mundo cortam
Cores de corar o cosmo em coro
Cura de doenças de proveta
Gametas novos do velho fim.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

TIJOLOS NA LAJE DA LÍNGUA


A boca baba
palavra molhada
Mascada na boca
Água no feijão
A bola de meia
A bola do baba 
Embola um verbete
Sem ter confusão
No som do sotaque
O batum do batuque
Com mais d'um trambique
A sentença na mão
Os neologismos
São novos tijolos
Na laje da língua
Linguagem que pulsa
Tum
Tum 
Tão.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

CASULO


Peito
Corpo
Quarto
Apartamento
Prédio 
Condomínio

Desfaço em camadas
Protejo em paredes
Estou em reformas.