sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CIDADE CINZA


O cuidado do jogo do meu corpo no mundo é um exercício de contato. 
Agora, nesse instante exato, faço um pacto com meu silêncio, e o meu vazio é stencil, mundo spray na cidade cinza.
A voz da verdade mingua e se transforma num
sussurro, muro calado. Meu pé minha verdade firma, sobe e desce ao chão, o mesmo chão, completamente diferente.
Sempre em frente, o meu verbo é minha rima. Ação e reação, nesse momento tudo é porta. Se minha fala o vento corta, esse meu mundo papel em branco. 
Meu muro, mundo branco, não cinza, num verso eu mancho.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

CARANGUEJO


Quero um pedaço de lua, com gosto de queijo, feito do seu leite do seu seio.
O seu querer sem receio, seu beijo.
Quero que me chame de casa e te fazer de morada,
Quero o seu cafuné de garra.
Quero sua carne macia, sem casca, pelada.
Minha vontade vira água em seu desejo,
Caranguejo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

OLHOS DE VIDRO



Meus ossos não são de vidro. Nem meus olhos vidrados no vidro do espelho. No espelho, eu. Duvido. Todo de vidro, assim, por inteiro. Sou ou viro? Apavorado me viro, vidraça quebrada. Vivo. O menino no espelho está vivendo a vida errada? A verdade envidraçada é um quadro. Me abro do avesso, me vejo no espelho. invertido. E logo me vem a voz, veloz. Me sussurra um conselho. Ordiv ed oãs oãn sosso suem. Crack.

NOSSA VOZ


Minha voz enche o peito e vaza
O meu peito, apertado, explode
Minha voz, que é vontade, grita
No meu grito, o meu canto pode

Pra trançar um novo discurso
Um novo percurso, história
Pra mudar o rumo do curso
Nosso conhecimento, memória

E, no meu canto, eu contemplo
Quem tanto tempo escondido
Sofrimento vira arte
Se cria e parte em novos sentidos

E, se eu falar, você responde?
Pra trocar, minha voz te acessa?
Grito, repito, você me ouve?
Pra dialogar, quem dita a regra?

É pra dizer eu tenho um sonho
É pra lutar risonho
Você reage ou só suporta?
A nossa voz, e vida, importa

E gritando os foras certos
Poder chegar mais perto
Nosso desejo imperativo
É grito coletivo!