Humano urbano
Será o urbano
Só um pouco humano?
A garota tinha asas de pétalas, cada qual correspondente a uma arrancada duma flor, durante um verso de mal me quer. Majestosas asas, diga-se de passagem.
A garota tinha um vestido de papel, ilustrado com as palavras de cartas nunca entregues ao seu destinatário. Cartas de amor.
A garota tinha olhos de cristal, que refletiam todo o brilho no olhar dirigido a ela e transformavam tal brilho em amanhecer.
Coitada da garota de asas de pétalas, vestido de papel e olhos de cristal, mal sabia que mal fazia à tantos amores. À tantos amantes. Não fazia por mal. Sabia tampouco como era gêmea alma de vários.
E num rápido sobrevoo tal figura de aspectos divinos vai embora, deixando para trás muitos corações partidos. E quando vejo tal figura voando corro atrás gritando, "meu caso é mais sério!", esqueci o meu coração no seu bolso.
Me chama de flor
E me beija
Beija-flor/Beija a flor
Não me guiam os astros
Em mim não mandam os deuses,
Nem outros fantásticos seres.
De minha vida tomo o mastro
Sou homo sapiens sapiens
Sapiens sapiens sapiens...
Incorruptível,
Racionalíssimo!
Fruto da seleção de espécies!!
Mas às vezes algo mexe,
Às vezes algo não desce.
Então eu engulo em seco,
Deito de conchinha,
Verto uma lágrima
E peço a Deus, apenas,
Uma dose de 'santa ignorância'.